terça-feira, 4 de novembro de 2008

Um coração marqueteiro no peito do jornalista



A estreita ligação entre jornalismo e marketing, que, para surpresa de alguns, parece sempre ter existido





Fabiano Ávila - 21 de Junho de 2005, 13:56



A necessidade de vender aproximou dois profissionais que, além de aparentemente não terem nada em comum, são considerados por muitos como antagônicos. Jornalistas se proclamam representantes da verdade, numa eterna cruzada a serviço do bem-estar público. Marqueteiros, por sua vez, são vistos como sujeitos dispostos a usar qualquer recurso para lucrar. Apesar de causar arrepios nos puristas defensores de um jornalismo sem compromisso com a receita das empresas, a integração das duas categorias é definitiva, e, talvez, sempre tenha existido. Segundo o diretor superintendente da Abril e estudioso da relação entre marketing e jornalismo, Laurentino Gomes, quando o jornalista busca tornar o material jornalístico interessante e agradável, está fazendo marketing. Para aumentar a polêmica, defendeu em sua palestra no Curso Abril que a reportagem nada mais é do que uma poderosa ferramenta de marketing, que permite sistematizar a busca de informações, ordená-las de forma compreensível na linguagem do leitor e satisfazê-lo em suas necessidades.


Diversas lições do marketing sempre foram, consciente ou inconscientemente, aplicadas ao jornalismo. Em relação à fidelidade do público, por exemplo, o marketing ensina que clientes muito satisfeitos tornam-se "apóstolos". São aqueles apaixonados, capazes de defender um produto em qualquer circunstância. As redações sempre buscaram formar esses seguidores criando espaços para suas manifestações e atendendo quando possível a suas reivindicações.


Adotar os métodos e práticas do marketing não significa enganar o público. Afinal, marketing não vende produtos ruins - pelo menos, não por muito tempo. Se as matérias não forem apuradas com seriedade e bem escritas, não adianta um título turbinado ou uma capa vendedora e achar que isso garante o lucro. O leitor não é bobo.

Ainda a questão do Jornalista/Garoto-propaganda

A.D.

O N de Notícia agora apresentado por William Bonner (Globonews) deu seqüência ao tópico levantado na capa de nossa última edição sobre a participação do jornalista Paulo Henrique Amorim no informe publicitário que apresentou a megafusão cervejeira.

Bonner teve a gentileza de convidar este Observador para participar do programa que foi ao ar na semana 11-16 de julho. Antes de encerrar, fez uma pergunta aos três participantes mais ou menos nestes termos:

"Quem deve zelar pela ética jornalística – o profissional, a empresa ou o público ?"

Este Observador foi claro – a conduta profissional é uma questão que diz respeito primeiramente ao profissional, questão de foro íntimo.

E por que não à empresa jornalística?

Simplesmente porque está voltada para o mercado. Ela compõe a mídia, ou, para sermos exatos, o sistema mediático – um universo de interesses hoje distanciado das premissas e pressupostos que haviam transformado o jornalismo em Quarto Poder.

O jornalista pode ser agente e instrumento desse sistema mas, não obstante, ele também é o responsável e zelador dos seus valores e crenças. As empresas não admitem que seus empregados apresentem mensagens porque estão apenas interessadas em preservar uma imagem que lhes pertence. É domínio seu, das empresas. Seus cuidados são comerciais – legítimos certamente – mas os cuidados do jornalista são morais.

As empresas admitiriam que jornalistas fizessem comerciais ou anúncios sobre ela própria? Jornalistas e âncoras da CNN acedem em fazer propaganda institucional do seu canal, o que não acontece com os grandes âncoras das redes abertas da TV americana.

A maioria das nossas empresas jornalísticas permite que seus jornalistas recebam um cachê para fazer conferências ou apresentar eventos. Mas muitos jornalistas – mesmo prestadores de serviços, não contratados – acham que não é correto. Receber pagamento por uma palestra cria vínculos e dependências (claro que isso não inclui aulas em universidades ou programas de treinamento).

O debate merece desdobramentos.

Jornalismo e Marketing de mãos dadas


Um cenário sem volta, que exige discussões novas


Manuel Carlos Chaparro*

Nunca como agora o marketing e a notícia andaram tão próximos e interativos. Na política como nos negócios. Nas religiões como na ciência. Na cultura como nos esportes de alta competição. Em qualquer desses campos, e em outros, os acontecimentos noticiáveis são cada vez mais cuidadosamente planejados e controlados pelos saberes e poderes estratégicos do marketing, que transformam em ações táticas os fatos a serem noticiados.


Os próprios produtos jornalísticos – jornais, revistas, programas de TV e rádio – investem cada vez mais em estratégias de marketing, em busca de audiências que lhes garantam lucros. Ou seja: sobrevivência. E isso nada tem de ruim, desde que não ocorra a fraude do jornalismo, em suas razões de ser e nos seus modos de produção.


Existe até, e cresce vertiginosamente no mercado, um segmento de produtos editoriais - o das publicações customizadas (“Custom Publishing”) – em que marketing e jornalismo se completam como conceito e como discurso, em torno de uma nova variável teórica, na qual as categorias “leitor” e “consumidor” se fundem.


Trata-se de publicações que cumprem o papel de agregar, às marcas a que estão vinculadas, o valor simbólico da qualidade de bons textos jornalísticos. Em alguns casos, entre os melhores modelos existentes no mercado, são revistas de altas tiragens, distribuídas gratuitamente e/ou vendidas em bancas e livrarias de primeira linha, com qualidade editorial garantida em textos assinados por autores consagrados (jornalistas e escritores). Em outros casos, a opção estratégica é por tiragens baixas, para acentuar o caráter seletivo da distribuição. O que faz dessas revistas produtos disputados.


Em ambos os casos, são publicações focadas em públicos identificados com as respectivas marcas. Públicos presenteados pelo requinte da qualidade editorial e gráfica. O sucesso é tal que algumas dessas revistas chegam a se transformar em lucrativas unidades de negócio, graças às receitas publicitárias que atraem. Com o detalhe de que têm e usam, como principal argumento de venda, a qualidade jornalística dos textos.


Na trilha da aproximação estratégica e tática entre marketing e jornalismo corre também a tendência mundial de crescimento dos jornais de distribuição gratuita. E a essa tendência se juntam, aqui e ali, experiências novas de combinar venda em banca e formas de distribuição gratuita, de jornais que têm preço de capa e prestígio social de “grande imprensa”. É o caso do jornal português Público, tido como o principal diário de referência em Portugal.


Pensado e escrito para leitores das classes A e B, o Público amarga a limitação histórica das baixas tiragens. Pois agora, além de vendido em bancas e livrarias pelo preço de capa, é distribuído gratuitamente na maior rede portuguesa de supermercados, como brinde oferecido aos clientes que passam pelos caixas.


Em quê isso prejudica o jornalismo do Público? Acredito que em nada. Bem pelo contrário, o crescimento de tiragem aumenta o potencial econômico do jornal, sem lhe sacrificar a independência. E porque se trata de um bom jornal, também há benefício social da socialização dos conteúdos. Pessoalmente, em visita recente a Lisboa, pude comparar, ainda que sem aprofundamento, a qualidade atual do jornal com a de um ano atrás. O Público de agora me pareceu melhor.


***


Temos aí, pois, um tema propício a novas reflexões e discussões, indispensáveis e urgentes, se considerarmos que esse é um cenário sem volta: até que ponto são desejáveis, para a sociedade e suas razões éticas, as imbricações entre jornalismo e marketing?
***
MANUEL CARLOS CHAPARRO* é doutor em Ciências da Comunicação e professor de Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo. É também jornalista, desde 1957

Marketing, jornalismo e isenção

São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995


MARCELO LEITE


O concubinato de conveniência entre marketing e jornalismo ainda não produziu prole capaz de fundar uma dinastia, mas já espalhou alguns bastardos pela imprensa brasileira. Um deles é o que se poderia chamar de matéria paga gratuita, na falta de apelido menos contraditório.


Submetidos à alta dos preços do papel e à concorrência de outros meios, jornais e revistas recorrem cada vez mais a promoções para manter ou elevar as tiragens. Fascículos, CDs, sorteios _há apêndices para todos os gostos nas bancas. As pessoas compram, sinal de que a estratégia está correta (ou seja, funciona, conforme a lógica estreita dos tempos atuais).


O abastardamento do jornalismo não decorre dos próprios brindes, alguns dos quais até podem ajudar a educar este país inculto. O problema está no uso do já racionado espaço editorial _aquele destinado a notícias e reportagens, não a anúncios_ para a promoção dessas iniciativas estranhas às redações. Neste terreno, a maioria dos jornais e revistas têm telhados de vidro. Das reportagens da Folha sobre seus atlas às do jornal "O Estado de S.Paulo sobre os encartes da revista "National Geographic que está para lançar, não faltam exemplos de anúncios fantasiados de notícias. Não são poucos os leitores que percebem esse desvio e se queixam, indignados, ao ombudsman.


Este não é, com certeza, o maior problema dos jornais. O leitor aprende rapidamente a reconhecer essas "matérias pagas (uma prática nefanda do jornalismo em extinção nos mercados de opinião mais desenvolvidos, como o paulista) e pode renunciar a lê-las, assim como pula anúncios que não lhe interessam.


Resta, contudo, uma questão de princípio: onde vai parar a já problemática objetividade jornalística, quando o texto por escrever tem a obrigação preestabelecida de elogiar. Não há, nesses casos, o problema adicional da venalidade (os jornais e revistas não precisam pagar para vender o próprio gato por lebre), mas tais pseudo-reportagens representam no mínimo duas formas de desrespeito ao leitor: subtração de espaço normalmente ocupado por notícias no sentido pleno da palavra; frustração da expectativa crítica suscitada por todo e qualquer texto jornalístico.


Por essas razões, defendi internamente na Folha que essas comunicações passem a ser feitas na forma de anúncios. É uma proposta conscientemente ingênua, pois tem pouca ou nenhuma chance de ser seguida. Mas são os princípios, não as conveniências e cálculos, que devem nortear o trabalho do ombudsman.


Autocrítica


Mais delicada é a situação em que um texto deve dar satisfações ao leitor por falhas do jornal. A Folha sempre adotou a tática corajosa de recusar o axioma de Ricupero (o que é bom a gente fatura; o que é ruim, esconde).


Foi assim com o quase colapso da distribuição vivido pelo jornal em 9 de outubro do ano passado. Tem sido assim com os sucessivos atrasos na encadernação de fascículos. Nos dois casos, a Folha tomou o partido da transparência e publicou reportagens para dar explicações e informar as providências tomadas.


Uma dessas reportagens saiu domingo passado, sob o título "Encadernações atingem 87,6% dos fascículos (pág. 1-18). As informações apresentadas não exigem alteração das opiniões que já manifestei sobre o tema em outras colunas.


Como arremedo de despedida desse tema, ao qual só pretendo voltar se for imperioso, registro alguns comentários sobre o texto que ouvi da leitora Violeta Saldanha Kubrusly: "Tive de esperar três meses para receber meu atlas. Esse título, `Encadernações atingem 87,6% dos fascículos', é lamentável. Parece que as estatísticas servem para enganar as pessoas. Minha leitura é que, depois de seis meses, nem 90% das encadernações estão prontas. Todo mundo faz autocrítica, por que a Folha não pode fazer?


Enviados especiais


Um assunto correlato, que envolve a contaminação de reportagens por interesses extrajornalísticos, virou assunto obrigatório entre profissionais do ramo nas últimas semanas: viagens a convite de terceiros.


Aqui também quase todas as publicações _e grande parte dos profissionais_ tem poucas razões para atirar a primeira pedra. Apesar disso, a revista "Veja de 24 de maio abordou com seu habitual tom moralista uma viagem à Itália de "luxo nababesco (na descrição de um participante), organizada pela Alfa Romeo/Fiat para três dezenas de jornalistas brasileiros.


Foi um fuzuê. De respostas iradas a súbitos cancelamentos de participações já confirmadas em outras excursões, a categoria andou em polvorosa.Tão certo como o fato de o sol levantar-se amanhã é que esses convites voltarão a ser aceitos em breve. De forma generalizada, e não só nas editorias de turismo, onde são moeda corrente.


Veja o que diz sobre isso o "Novo Manual da Redação, em sua pág. 15: "Jornalistas da Folha podem viajar a convite de instituições, governos ou personalidades. Se a viagem resultar em texto publicado, o jornal informa com clareza que o jornalista teve suas despesas pagas pelo patrocinador. Para o jornal, esta cláusula de transparência parece resolver tudo. O leitor, de posse da informação sobre o custeio da viagem, avaliaria ele mesmo se o jornalista agraciado manteve-se isento e crítico na produção de seu texto.O problema não é tanto o que se escreve, mas o que se deixa de escrever. É um beco-sem-saída ético. Se tiver razões para criticar o patrocinador e se decidir a fazê-lo, o jornalista estará sendo no mínimo indelicado; se não o fizer, é o leitor quem será traído.


A única solução para o dilema é tão conhecida quanto penosa: todas as despesas de jornalistas em missão deveriam ser pagas por seu empregador.Esse ônus, nem mesmo a vestal "Veja se mostra inclinada a enfrentar. Na mesma reportagem, endossou o álibi preferido nas redações: "É possível que a viagem também seja útil ao jornalista, que pode arrumar algumas informações valiosas.


Em outras palavras, permanece aberta a porteira: cabe a cada jornalista e a cada publicação definir quão valiosas são as informações, a viagem e a própria dignidade.


Fico curioso para saber o que o leitor pensa disso.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Novas mídias e velhas empresas 3

Um dos pilares deste blog é a discussão sobre as novas mídias e como as velhas empresas de comunicação lidam com o seu surgimento.
Para coroar este debate, segue abaixo o programa Globo News Especial, do dia 23/09/2008. Apresentado pelo jornalista Tonico Ferreira, o programa apresenta um debate com o tema A revolução das novas mídias. Participam da conversa Eleonora de Lucena, editora executiva do jornal Folha de São Paulo, Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do grupo Estado, Rodolfo Fernandes, diretor do O Globo.
Vale a pena reservar alguns minutos para acompanhar o que representantes dos três maiores jornais do país pensam sobre o futuro do jornalismo, o papel do jornal diante das novas mídias, como lidar com os recursos da internet, etc. 






O mais interessante de tudo isso é notar que, mesmo com o advento das novas mídias, são as velhas empresas que dominam a divulgação das informações. O que está em jogo é a credibilidade conquistada por estes veículos e a confiança que inspiram em seus leitores, que querem se informar o mais rápidamente possível, mas mantêm-se fiéis às empresas que já se acostumaram a consumir.

Será o fim do jornal?


Muitas pessoas acreditam que, assim como o rádio não acabou com o jornal e a televisão não acabou com o rádio, a internet também não será capaz de acabar com as mídias antigas. Entretanto, este texto é um tanto pessimista quanto ao futuro dos jornais. Talvez pessimista excessivamente, mas a tese principal está certíssima: para sobreviver às novas mídias é preciso de modernizar e passar a utilizá-la a seu favor.














Só sobreviverão no papel os que investirem em conteúdo original

Cada vez mais as pessoas estão buscando informações na internet e uma das consequências disso é o declínio da popularidade (e do lucro) dos jornais impressos. Os próprios jornais podem se beneficiar desse fenômeno com suas edições online, mas eles aparentam não ter idéia de como fazer dinheiro na internet - ou pelo menos obter a mesma lucratividade do meio impresso. Sempre me pergunto se jornais e revistas evoluirão para uma forma mais moderna. Ou se apenas desaparecerão. Historicamente, novas mídias não eliminaram as velhas. A TV fez o cinema e o rádio mudarem para sobreviver. O rádio abandonou as novelas e se concentrou em música, notícias e opinião. O cinema se modernizou. Mas alguns meios de comunicação morreram. Quando Gutemberg inventou a imprensa, os escribas que copiavam Bíblias à mão foram procurar emprego. Hoje, muitos repórteres de jornal procuram trabalho. Podem não encontrar, como aconteceu com os escribas.

O impacto da web está mais para o da TV sobre o rádio que para o efeito profundo causado pela imprensa. Provavelmente, a maioria das pessoas pensa o contrário. A web é um mecanismo de distribuição de conteúdo mais barato, e não muito mais que isso. Com relação a jornais e revistas, a web é como uma impressora que ganhou um upgrade. Um mecanismo sem tinta. Então, por que os repórteres estão nessa situação? A mudança atual não seria similar à causada pela imprensa de Gutemberg? A analogia é falsa. Os jornalistas não encontram trabalho porque há uma abundância deles num mundo globalizado.

Tudo o que você precisas fazer é usar sites como o Google News. Você procura um tópico e o Google diz onde estão outras 500 histórias sobre o assunto. Você explora o material e vê que a maioria delas diz a mesma coisa. Para que precisamos de 500 escoadouros de distribuição de um único artigo? Uma parcela muito pequena desse conteúdo é original. Se os Estados Unidos são o pior caso do impacto da web, é onde se pode analisar melhor o futuro do negócio de jornais e revistas. Os escoadouros com conteúdo original prosperam. Aqueles que compram conteúdo barato de agências estão sofrendo. O problema é que qualquer um pode fazer isso. Os jornais pioraram a situação demitindo repórteres que produziam conteúdo valioso. Baratearam seus produtos e afastaram mais consumidores. Nunca entendi que tipo de idéia fixa é necessária para piorar seu produto quando se está perdendo clientes. Alguns jornais se meteram em uma espiral descendente, seguindo a filosofia de baratear o produto, até que simplesmente fecharam. Alguém pode dizer: "Eles fizeram tudo que podiam para salvar seu negócio". É risível. Apenas cortar custos não é "fazer tudo que podiam".

A pior parte da enrascada é que os representantes da velha mídia não escutam os da nova. Sou velho o bastante para conhecer bem ambos. A maioria dos executivos da velha mídia são tacanhos sobre as mudanças. É por isso que a internet está matando os jornais e vai continuar até que eles se modernizem e, acima de tudo, gastem mais dinheiro em conteúdo único e original. Temo que poucos farão essa transição.

John C. Dvorak
Texto publicado na página 32 da revista Info, edição de setembro de 2008, n° 271

Novas mídias e velhas empresas 2

O texto abaixo, de autoria de Carlos Castilho, foi retirado do site "observatório de imprensa". Castilho fala de uma pesquisa que consideramos importante para a discussão acerca do advento das novas mídias (entre as quais a internet pode ser considerada a mais relevante) e as modificações que elas geram na relação dos leitores com os veículos de comunicação tradicionais.

É interessante notar que, mais uma vez, fala-se na mudança de hábito da população, que passa a se informar mais pela internet. Entretanto, elas o fazem nos sites dos grandes jornais que se acostumaram a ler. Logo, estamos vendo que mudam-se as mídias, mas permanecem as velhas empresas.



Mudança de hábitos de leitores 
gera novo desafio para as redações

Uma pesquisa que acaba de ser divulgada pelo instituto Pew Research Center for the People and the Press mostra que os consumidores de informações já não consomem passivamente as notícias publicadas pela imprensa e adotam cada vez mais uma postura investigativa e seletiva.

Esta constatação é a principal conclusão da pesquisa bianual sobre hábitos de consumo de noticias entre os norte-americanos e aponta para a necessidade de mudanças significativasnas estratégias editoriais, por meio da substituição da noticia pronta e acabada por um cardápio de opções informativas.

Tom Rosenstiel, diretor do Project for Excellence in Journalismanalisou os resultados da pesquisa e apontou uma marcada preferência dos novos consumidores de informação em buscar a diversidade de fontes, seja por meio da pesquisa e da busca, como pelo uso dos chamados agregadores de noticias.

Isso significa que os leitores já não se contentam mais com a notícia publicada num jornal, seja na versão impressa ou na versão online. Ele vai procurar noutras fontes, como por exemplo os weblogs. O leitor tornou-se mais exigente e passou a preferir o que Rosenstiel chamou de “cultura da exigência” (on demand culture).

 Esta nova atitude dos consumidores de informação é mais intensa na geração com menos de 30 anos, mas manteve a preferência do público pelas fontes tradicionais de notícias, como grandes jornais, revistas e emissoras de radio ou TV. As pessoas lêem cada vez menos publicações impressas, mas procuram cada vez mais a versão online do seu jornal, revista ou emissora de televisão de preferência.

 Os resultados da pesquisa mostram também um novo desafio para as redaçõesconvencionais. Publicar notícias já não é mais tão importante como se pensava. Muito mais relevante começa a ser a oferta de opções informativas, ou seja, a recomendação de fontes e sua respectiva avaliação.

 É o que especialistas como o australiano Alex Bruns chamam de gatewatching, ou sejaobservação de fontes. Trata-se de um jogo de palavras com a expressão gatekeeper, usada para caracterizar a seleção de notícias, em que o jornalista decide o que o leitor vai ou não ler. A internet reduziu drasticamente a importância do “porteiro da notícia”, ao ampliar a margem de opções à disposição do leitor. 


Visão otimista de uma empresa de comunicação sobre o marketing no jornalismo

Laurentino Gomes explica como o marketing pode ser útil ao jornalismo

Raquel Brust

31 de Maio de 2006, 18:54 

Veja as fotos

O Diretor Superintendente da Unidade 3 (formada pelas revistas de Casa e Construção, Celebridades, Motor/Esporte e Turismo), Laurentino Gomes, ministrou a palestra Ética - os limites entre marketing e jornalismo no terceiro dia da Semana Plug de Jornalismo.

Marketing x Jornalismo

Laurentino Gomes trabalha na Abril há 20 anos, 15 dos quais foi repórter da revista Veja. Ao examinar a trajetória da revista Contigo!, ele começou a se interessar por marketing. Isso porque ela começou como uma revista de foto novela, passou a tratar de celebridades, em seguida se tornou popularesca e cobria a ficção, as novelas, e, em 2004, foi reposicionada, voltou a tratar de celebridades e se tornou mais elitizada, destinada agora às classes A e B. Esse é um exemplo de que o produto deve acompanhar o mercado e os consumidores e se adaptar de acordo com eles.

Essa transformação sofrida por Contigo! ao longo dos anos ilustra o papel do marketing no jornalismo. Quando criamos um produto, temos que levar em conta os 4 "Ps" do marketing: produto/serviço, é preciso defini-lo, saber quais as qualidades, o público alvo, etc; ponto de venda, ou seja, a estratégia de chegar até o consumidor (bancas, assinaturas, etc); promoção, que pode ser a publicidade com anúncios, eventos, etc; e preço, que define o público alvo e a viabilidade do produto.

Nova Era, Novos Produtos

O início do século XX foi marcado pela linha de montagem, modelo de produção do empresário Henry Ford. Essa lógica contaminou o mercado de forma que os produtos fossem padronizados com o objetivo de atingir o maior número de pessoas possível - vide o McDonald's, a Coca-Cola, etc. Os meios de comunicação também embarcaram nessa onda. Os jornais, canais de televisão e de rádio abertos tinha uma programação variada para atingir uma grande audiência sem se preocupar com as características do público.

No último século, o mercado mudou e os produtos padrão não fazem mais o mesmo sucesso. Estamos na era da segmentação, do conteúdo on demand, da especialização. A internet, maior paradigma dessa nova era, já é acessada por 1 bilhão de pessoas, o que significa que uma em seis pessoas acessa a internet no mundo. Nesse novo contexto, os consumidores não aceitam mais qualquer produto. Então, para ser bem sucedido com um produto, é necessário que você saiba qual o segmento da sociedade que quer atingir. A oferta de títulos disponíveis nas bancas cresceu de 1.900 para 3.900 nos últimos cinco anos, fruto dessa segmentação.

Fazendo a diferença

Nessa gigante diversidade de revistas no mercado, alguns fatores fazem a diferença. São eles: a qualidade do conteúdo editorial, a capacidade de entender o mercado e mudar junto com ele, as marcas e a capa. Se a revista for forte nesses quatro pontos, vai ser eleita na banca. Para conseguir se destacar nesses quesitos, é preciso conhecer o leitor - sair daquela atitude arrogante que em geral os jornalistas têm e conversar com leitores, freqüentar bancas, etc. - e trabalhar com entusiasmo, intuição e criatividade.

Lições de marketing para fazer uma boa revista

  1. Revista é segmentação. Seu conteúdo editorial pode ser segmentado por interesse, faixa etária, geografia, preço, etc.
  2. Revista não é Coca-Cola. É um produto específico para um leitor específico. Não pretende atender um publico tão diversificado como a televisão aberta, por exemplo.
  3. Revistas devem seguir aos seus leitores e mudar junto com eles. Quem não muda, morre.
  4. É preciso conhecer o leitor. A revista é absolutamente pessoal (não é como o rádio que você pode ouvir com alguém, você lê sozinho). Todo horário é nobre. Ela é lida com uma atenção qualificada, a audiência é focada. Pesquisas mostram que a revista transmite mais credibilidade aos leitores do que jornais.
  5. Revistas são formadoras de opinião. Diante da saturação de informações disponíveis, cabe às revistas filtrar aquilo que interessa a determinado segmento.
  6. A essência do trabalho é a reportagem.

Credibilidade é o principal ativo. É muito difícil de conquistá-la e fácil de perdê-la.

Cuidado jornalistas esportivos

Fonte:http://flagrantesdocotidiano.blogspot.com

Depois da mão de ferro do Estado, a mão pesada dos grupos econômicos.

Charge publicada em http://www.masquemario.net/blog/index.php?paged=2